Desenvolvimento sustentável e a Educação Profissional Integrada à Educação
Básica na Modalidade de Jovens e Adultos.
Yolmar
Freire
Resumo: O
Desenvolvimento Sustentável a partir de sua popularização em 1987, tornou-se
uma solução, conseguindo adeptos em diferentes segmentos da sociedade. Por
conseguinte, através de um exame dessa concepção, percebe-se o seu caráter
estritamente estratégico. Percebendo-se explicitamente e implicitamente a
reprodução de discursos, de cada época. No ensino da Educação Profissional Integrada à Educação
Básica na Modalidade de Jovens e Adultos - a participação do
desenvolvimento nos conteúdos se torna necessário, especificamente nos dias
atuais para mostrar como essa concepção se manifesta e como ela se transforma
através das adjetivações.
Palavras-Chave: Desenvolvimento
Sustentável, Educação
Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos
e Ensino-aprendizagem.
Sustainable development and Integrated education
Professional to basic education in youth and adults.
Abstract: Sustainable development
from its popularization in 1987, became a solution, achieving supporters in
different segments of society. Therefore, through an examination of this
conception, realizes its strategic strictly. Realizing explicitly and
implicitly playback speeches, each season. Teaching Integrated professional
education in basic education of youths and adults-participation in content
development becomes necessary, specifically today to show how this conception
manifests itself and how it changes through adjetivações.
Key Words: Sustainable
development, Integrated Professional Education to basic education in youth and
adults and teaching and learning.
Introdução
O objetivo
central desse artigo, que tem como base registro parcial nas disciplinas,
currículo integrado, políticas públicas, economia solidária, problemas de
aprendizagens, ambientes de aprendizagem, educação matemática, educação da
linguagem e didática, para conclusão do curso de Especialização em Educação
Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos, bem
como oferecer uma leitura sobre as transformações da concepção de
desenvolvimento e uma das suas formas atuais, que é o desenvolvimento
sustentável, sobretudo, mostrando como essas concepções atingem o ensino na Educação
Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos.
Assim,
pretendemos mostrar e analisar a concepção de desenvolvimento sustentável e, ao
mesmo tempo, temos a intenção de visualizar como essa concepção está presente
no ensino da Educação
Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adulto.
Prática de desenvolvimento sustentável.
A prática de
desenvolvimento sustentável adotada em algumas regiões visa à melhoria sócio
econômica dos trabalhadores, a Educação Profissional Integrada a Educação Básica na
Modalidade de Jovens e Adultos e a ferramenta fundamental para que esse
meio possa ter sustentabilidade, pois estes vivem impossibilitados de ter
emprego digno para sobrevivência de seus familiares, devido a falta de empreendimentos
para oferecer trabalho dentro da formalidade. Percebemos então a necessidade de
implantar a economia solidária sustentável utilizando a Educação Profissional Integrada a Educação
Básica na Modalidade
de Jovens e Adultos para conscientizar e
escolarizar essa classe de trabalhadores através de organizações não
governamentais como cooperativas, ONGs e associações, aproveitando um grande
contingente de matéria prima, como fibra de banana, sementes da mata atlântica,
cipós, bambus, taboa dentre outros, existente no meio rural, utilizando todas
essas matérias primas para gerar uma economia e sustentabilidade do indivíduo
em seu próprio meio. O artesanato, aproveitando esses artefatos, poderá tornar-se
uma fonte de renda antes não utilizada pelos homens do campo de diversas regiões
rurais.
De acordo com o
que foi discutido na “Conferência Regional sobre economia Solidária do Estado
do Rio de Janeiro, em Abril de 2010 no município de Rio das Ostras “vivemos em
uma sociedade marcada pela rede de competitividade que abraça o planeta em uma
corrida desleal em relação aos detentores do poder, e aqueles que lutam por sua
sobrevivência. Estamos inseridos em uma aldeia global, em que cada vez mais
aproxima as pessoas em um paradoxo que sincronicamente exclui grande parcela da
população mundial do acesso a esse crescimento perseguido e idealizado por
todos. O capitalismo em suas famigeradas formas de liberalismo e neoliberalismo
foram, ao longo do nosso processo de construção histórica, moldando os perfis
sociais e as forças produtivas de nosso país de forma alienadora resultando em
um distanciamento sem precedentes do homem e de outros seres humanos e naturais que constituem o espaço em que
habitamos,o planeta Terra”.
O homem no mundo e como o mundo.
Natureza e cultura. (FREIRE. 1985 p.124)
A Economia
Solidária com a instrumentalização a partir da Educação Profissional Integrada a Educação
Básica na Modalidade de Jovens e Adultos, é um jeito diferente de
produzir, vender, comprar e trocar o que é necessário para sobreviver sem
explorar ninguém e sem destruir o meio ambiente, desenvolvendo seu meio com
sustentabilidade. Com essa forma de organização haverá um fortalecimento de
toda comunidade,sem patrão e sem empregado cada um pensando no bem de todos e
no seu próprio bem.
A Economia
Solidária associada ao sistema de ensino do PROEJA é uma prática regida pelos
valores de autogestão, democracia, cooperação, solidariedade, respeito à
natureza, promoção da dignidade e valorização do trabalho humano, tendo em
vista um projeto de
desenvolvimento
sustentável global e coletivo, também entendida com estratégia de enfrentamento
da exclusão social e da precariedade de trabalho.
A construção e
projeção de uma qualificação solidária/PROEJA vão ao encontro dos ideais de uma
sociedade civil ativa e cooperativista, mas que acima de tudo, compreenda-se
como parte integrante de um ecossistema que deve ser desenvolvido de forma
sustentável, para assegurar a valorização do homem e ao mesmo tempo garantir
seu espaço vital neste planeta. O desenvolvimento comprometido com o bem estar
de todos, colocando o potencial humano sobreposto ao lucro desenfreado, uma
sociedade que possa crescer de forma harmoniosa sem que para tanto tenha que
destruir as suas bases morais, ambientais, familiares e institucionais em prol
da qualidade de vida de todos.
O
processo de empreendimento e análise nesta proposta, investindo em matérias
primas antes não utilizadas, levando em conta que não substituem as
experiências populares prévias, e sim revigoram e orientam os ativos sócios
econômicos da camada popular correspondente, abrindo novas oportunidades
utilizando a racionalidade.
Os
resultados da utilização deste processo de transformação da matéria prima
mostra que as atrações mais importantes ocorrem entre os indicadores da
dimensão prática de auto solidarialismo, mas com uma visão de desenvolver o
empreendedorismo, partindo do local para o global, permitindo a prática de
preservação do meio, ou seja, havendo um engajamento social.
Há uma ligação
íntima entre o desenvolvimento e o crescimento econômico, assim, dados de
crescimento, como o PIB, contemplaria o nível de desenvolvimento de um país,
por exemplo, sendo um indicador decisivo para a classificação dos países.
Essa redução do
desenvolvimento no crescimento econômico funciona como uma grande cortina de
fumaça, para usar uma expressão cunhada por, (RODRIGUES, A. M. 2005),
principalmente para aceitar que a meta de um país subdesenvolvido deva ser o
desenvolvimento, para aceitar a implantação de um modelo externo no seu
território, e, também, para escamotear problemas sociais e ambientais, que são
justificados pelo desenvolvimento, ou arbitrariamente julgados como assuntos de
segundo plano.
João
Rua esclarece que a temática do desenvolvimento, mesmo levando em consideração
suas novas formas, é atrelada a noção de crescimento econômico, que se tornou a
concepção mais dominante (RUA 2008). Complementando, J.E. da Veiga além de
afirmar a forte ligação entre crescimento econômico e desenvolvimento, mostra
que não havia necessidade dessa discussão
até
os anos 60, já que os países chamados subdesenvolvidos eram aqueles com o processo
de industrialização inacabados ou que não haviam iniciado o processo de
industrialização, logo, era simples a separação entre desenvolvidos e
subdesenvolvidos. (VEIGA 2005) .
Alguns autores
ultrapassaram o sedutor discurso do desenvolvimento e o trata como uma farsa,
no sentido de não trazer uma real mudança social, econômica, política etc. para
toda sociedade, principalmente para as classes menos abastadas. Dois autores
especificamente se destacam nessa abordagem, que são os economistas: Celso
Furtado e Giovani Arrighi.
Furtado trata o
desenvolvimento como um mito a partir do seu magnífico livro datado de 1974 “O
mito do desenvolvimento”. O autor afirma que o processo de industrialização da
periferia se distingue em vários sentidos do processo de industrialização do
centro, salienta também o dinamismo econômico dos países centrais que contrasta
com a concentração de renda dos países periféricos.
A intenção de
Furtado é mostrar que a idéia dos povos pobres desfrutarem das formas de vida
dos atuais países ricos é algo irrealizável, e, que o mito do desenvolvimento,
assim, estabelecido, legitima a destruição da cultura e do meio físico.
(FURTADO 1974)
Arrighi mostra
que é difícil a mobilidade na rígida estrutura capitalista, afirmando que são
irrisórias as chances de transposição entre os pobres da periferia para a
semiperiferia, e deste último grupo para o núcleo orgânico. Embora possível é
improvável a inclusão de novos países no núcleo orgânico.(ARRIGHI 1997)
Mesmo se
tratando de um critério econômico, como critica Veiga, a contribuição de
Arrighi é valiosa, pois a estrutura do capitalismo, essencialmente desigual,
não suporta a mobilidade dos povos pobres para um estágio de riqueza, que
poderia afetar outros aspectos, além disso, existe a necessidade da existência
de uma classe pobre, para ser, sobretudo, dominada e explorada, e, manter a
condição de domínio das classes mais abastadas.
Tratando
de forma mais ampla da temática desenvolvimento, M.L. de Souza insiste que o
desenvolvimento não pode ser considerado apenas pelo aspecto econômico, mesmo
sendo este um aspecto
importante. Assim: “O desenvolvimento
é, antes que uma
mudança
qualitativa
das relações sociais, acima de tudo uma expansão quantitativa nos marcos
qualitativos essenciais e inquestionados do modelo social capitalista” (2005,
p. 19).
Educação
Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos.
A
Educação
Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos/PROEJA
visa oferecer oportunidades educacionais aos jovens e adultos que não
concluíram o ensino fundamental bem como aos que concluíram o fundamental e não
cursaram nenhum curso profissionalizante à nível técnico ou médio, para que as oportunidades de empregabilidade
possam chegar a seu alcance.
Em 13 de junho de 2005, por
meio da Portaria nº
2.080, o Ministério da Educação estabeleceu, na esfera dos Centros
Federais de Educação Tecnológica (Cefet), das Escolas Técnicas Federais, das
Escolas Agrotécnicas Federais (EAF) e das Escolas Técnicas Vinculadas às
Universidades Federais as diretrizes para a oferta de cursos de educação
profissional integrada com o ensino médio na modalidade de educação de jovens e
adultos.
Estando as diretrizes estabelecidas, o MEC optou
pela criação de um programa que abrangesse cursos com essa configuração. Assim,
no dia 24 de junho do mesmo ano, foi promulgado o Decreto nº
5.478, que instituía, no âmbito das instituições federais de
educação tecnológica, o Programa de Integração da Educação Profissional ao
Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Este Decreto foi
revogado, em 13 de julho de 2006, pelo Decreto nº
5.840 que, entre outras mudanças, alterou o nome para Programa
Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na
Modalidade de Jovens e Adultos. Estão entre os fundamentos do programa as
discussões sobre a integração entre formação geral e formação profissional,
travadas desde os anos 80 e tendo como marco a promulgação do Decreto nº
5.154, de 23 de julho de 2004. Ainda contribuíram para sua criação,
os debates sobre as possibilidades das instituições federais de educação
tecnológica atuarem na educação de jovens e adultos. Essas negociações já
vinham se desenvolvendo desde o seminário nacional “Ensino Médio: Construção
Política”, maio de 2003, e os três encontros nacionais de educação profissional
acontecidos, em 2004, nas cidades de Natal, São Paulo e Curitiba. No entanto, a
implantação do programa trazia consigo diversos desafios políticos e
pedagógicos. Como construir um currículo integrado considerando as
especificidades desse público tão diverso; quais os instrumentos para
reconhecimento dos saberes adquiridos em espaços não-formais de aprendizagem;
como articular as diferentes políticas sociais e qual o papel da escola pública
são algumas das questões trazidas pelo Proeja.
Diante desses desafios, a Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica (Setec/MEC) optou, ainda em 2005, pela realização de sensibilização
para a implementação do Programa nas instituições federais. Participaram dessas
oficinas diretores de ensino, gerentes e coordenadores pedagógicos das escolas
federais, além de alguns gestores estaduais de Educação Profissional.
Os subsídios colhidos nas
oficinas de sensibilização apontavam para a precisão de aprofundamento nas
diretrizes do Programa, com a explicitação de fundamentos, conceitos e
princípios relativos à proposta. Assim, no final de 2005 foi instituído um
grupo de trabalho formado por representantes da Rede Federal de Educação
Profissional Tecnológica, do Fórum Nacional de Educação de Jovens e Adultos e
de pesquisadores de universidades brasileiras para a elaboração do primeiro
documento-base PROEJA, voltado especificamente para o nível médio – educação
profissional técnica de nível médio com ensino médio.
Após a produção da minuta do
documento, buscou-se promover um debate amplo entre atores interessados nos
campos de atuação do programa: educação profissional, ensino médio e educação
de jovens e adultos. Nessa discussão, destaca-se a participação do Fórum
Nacional dos Gestores Estaduais de Educação Profissional.
Ao mesmo tempo, percebeu-se a
necessidade da promulgação de um novo decreto, em substituição ao 5.478/2004,
dando base legal às alterações propostas. Dessa forma, foi assinado o Decreto
nº 5.840/2006, que, além do nome, conforme citado anteriormente, traz as seguintes
novas orientações: amplia para todos os sistemas públicos de ensino e para as
instituições do Sistema Nacional de Aprendizagem Social (Sistema S) a
possibilidade de atuar como proponente, porém, mantendo a obrigatoriedade para
a Rede Federal; amplia a abrangência para toda a educação básica na modalidade
EJA; inclui a possibilidade de oferta de cursos na forma concomitante, além da
forma integrada; prevê a conclusão dos estudos e a respectiva certificação a
qualquer tempo desde que demonstrado o domínio dos conteúdos do nível de ensino
e institui um Comitê Nacional para acompanhamento e controle social da
implementação nacional do PROEJA, em que a composição, as atribuições e o
regimento serão definidos conjuntamente pelos Ministérios do Trabalho e Emprego
e da Educação.
A partir dessas alterações, surgiram novas
demandas no sentido da produção de referenciais teóricos. Nesse sentido, a
Setec tem promovido a elaboração de Documentos-Base orientadores, tendo em
vista as especificidades de algumas áreas profissionais e de determinadas
populações.
No que diz respeito
à educação básica de Jovens e Adultos no Brasil, pode-se afirmar que predominam
iniciativas individuais ou de organizações isoladas, acarretando, contradições
e descaso dos órgãos responsáveis. Por outro lado, a cada dia, aumenta a
demanda social por políticas perenes nessa esfera. Tais políticas devem pautar
o desenvolvimento de ações baseadas em princípios epistemológicos que resultem
em um corpo teórico bem estabelecido e que respeite as dimensões sociais,
econômicas, culturais e afetivas do jovem e do adulto em situação de
aprendizagem escolar
Evolução do
Desenvolvimento Sustentável
A partir do momento em que o desenvolvimento
sustentável foi pela primeira vez apoiado pela Assembléia Geral das Nações
Unidas através do Relatório Brundtland, em 1987, o conceito de educação para o
desenvolvimento sustentável foi também explorado. A Conferência das Nações
Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento no Rio de Janeiro (Rio-92) uniu
representantes de governos, organizações internacionais e não-governamentais e
sociedade civil para discutir os desafios do próximo século e adotar um plano
global de ação para enfrentá-los. O plano de ação, conhecida como Agenda 21, forneceu
uma série de princípios para auxiliar Governos e outras instituições na
implementação de políticas e programas para o desenvolvimento sustentável. O
capítulo 36 da Agenda 21 afirma que a educação é essencial no rumo ao
desenvolvimento sustentável.
Seguindo a Rio-92, a Comissão para o Desenvolvimento
Sustentável indicou a UNESCO para ser o organismo coordenador do capítulo 36,
responsável por acelerar as reformas na educação e coordenar as atividades dos
parceiros. A UNESCO foi também encarregada de fornecer apoio técnico e profissional
aos Estados Membros, desenvolvendo currículos experimentais e material de
treinamento; e disseminar políticas, programas e práticas inovadoras para a
Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Por mais de uma década, muitas
instituições de ensino superior, organizações não governamentais e agências de
governo do mundo inteiro fizeram esforços significativos para incorporar o
desenvolvimento sustentável em programas acadêmicos, operações e comunidades
locais. A partir dessas experiências, fica claro que embora haja consenso nos
objetivos gerais, sua criação e implementação nos níveis local, regional e
nacional diferem, de acordo com as diferentes condições sociais, econômicas e
ambientais, de forma relevante e culturalmente apropriada. Além disso, iniciativas
educacionais devem levar em consideração as culturas do campo e minorias assim
como assumir e facilitar suas importantes contribuições para o processo do desenvolvimento sustentável. O redirecionamento da educação
para
o desenvolvimento
sustentável deve ser apoiado pela cooperação
internacional em todos os níveis e por múltiplos parceiros. Cada educador e
disciplina têm um aspecto que pode contribuir com o conteúdo. As comunidades
podem contribuir com o desenvolvimento dos currículos de forma a garantir que
esses reflitam o conhecimento, as habilidades, perspectivas e prioridades das
populações locais. Líderes de governo devem dar passos para reorientar as
políticas e sistemas nacionais de educação e estabelecer metas para cumprir compromissos
internacionais. Finalmente, redes e parcerias entre governantes, instituições e
organizações, sociedade civil, setor privado e mídia podem auxiliar na tradução
de conceitos em objetivos e ações.
Nos anos 50 e 60
temos uma ambiguidade no que se diz respeito à análise do desenvolvimento:
“Os anos 1950/60 comportam essa
ambigüidade com relação á idéia de desenvolvimentismo, cujos efeitos se
sentirão no novo período do processo de globalização que se seguirá. É que
naqueles anos se questiona o desenvolvimento lá mesmo onde ele parecia ter dado
certo - isto é, na Europa e nos Estados Unidos -, no momento em que essa idéia
estará sendo recuperada na América Latina, na África e na Ásia, quando ganha
corpo a teoria do subdesenvolvimento (Yves Lacoste, Celso Furtado). Desse modo,
o desenvolvimentismo se difunda no Terceiro Mundo ao mesmo tempo em que o
desenvolvimentismo era questionado no Primeiro” (GONÇALVES, 2004, p. 25).
Na década de 70
emerge a concepção de ecodesenvolvimento, ou seja, mesmo com uma nova roupagem,
o desenvolvimento continua ser o centro das atenções. Por vários motivos,
muitos ainda obscuros, o ecodesenvolvimento não vingou como uma concepção capaz
de discutir a relação entre o crescimento econômico e a conservação do
ambiente, e, mais do que isso, não conseguiu se instalar como concepção
consensual, capaz de aniquilar ou amenizar os antagonismos aflorados,
procedentes da Conferência de Estocolmo em 1972, onde se visualizou duas visões
distintas de desenvolvimento, a pertencente aos países desenvolvidos, que
queriam conter o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos e a dos últimos
países, que queriam o direito ao desenvolvimento.
Nessa mesma
década, no Brasil, por exemplo, a noção de desenvolvimento atingia o seu ápice,
era grande meta do governo ditatorial, criador de um verdadeiro consenso, que
ditava que era o momento do Brasil desenvolver, no caso, ideologicamente
crescer economicamente, para mais tarde esse crescimento gerar frutos para a
sociedade. Ficando claro na épica frase do ministro da fazenda Delfim Neto,
onde primeiramente era importante deixar o bolo crescer para mais tarde
reparti-lo.
Ter
a cosciência crítica de que é preciso ser o proprietário de seu trabalho e de
que “este constitui uma parte da pessoa humana” e que a “pessoa humana não pode
ser vendida nem vender-se” é dar um passo mais além das verdareira
trnasformação da realidade para humanizando-a, humanizar os homens.. (FREIRE. 2001 p.185)
Ensino aprendizagem.
Existem alguns
princípios importantes a serem considerados por todos os que se preocupam com a
aprendizagem do aluno, principalmente na Educação Profissional Integrada a
Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos. Desenvolver o aprendizado em
um contexto que tenha um significado, aproveitando o lugar onde vive e se
relaciona bem como seu ambiente de trabalho, sem dúvida é uma alternativa que
se deve levar em consideração. No entanto, o que vivenciamos é uma escola onde
o professor como agente principal é responsável pelo ensino, sendo as atividades
centralizadas em suas qualidades e habilidades, estando mais preocupado com os
conteúdos a ser trabalhados e não se preocupando com o aprendizado,
contribuindo assim para uma baixa alto-estima do aluno especialmente neste
grupo de pessoas.
Diante desse
contexto, percebemos que o perfil do professor não mudou. Na verdade, são
poucos os que fogem do conceito de educação bancária, ou seja, o saber não
passa de uma doação dos que se julgam detentores do conhecimento, aos que
julgam não saber nada, cabendo então aos donos do conhecimento, transmitir,
passar, dar o grande saber.
Em lugar de comunicar-se, o
educador faz ”comunicados” e depósitos que os educandos, meras incidências,
recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção “bancária” da
educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de
receberem depósitos, guardá-los a arquivá-los. Margem para serem colecionadores
ou fichadores das coisas que arquivam. No fundo, porém, os grandes arquivados
são os homens, nesta (na melhor das hipóteses) equivocada concepção “bancária”
da Educação (FREIRE 2001 p.58).
Nesta ótica, a
educação se torna um simples ato de depositar, e neste processo o professor o
depositante e o aluno depositário. Infelizmente, a pedagogia utilizada na maior
parte das escolas e principalmente na modalidade de Jovens e Adultos, prima o
ensinar para decorar e depois reproduzir o que foi decorado sem questionar. Não
devemos mais desenvolver uma escola do subdesenvolvimento, e sim é preciso
ensinar para a libertação, De acordo com Freire “ninguém educa ninguém, ninguém
educa a si mesmo, os homens educam-se entre si, mediatizados pelo mundo”
(FREIRE 2001 p.68). Ou seja, a educação
problematizada é uma prática de liberdade, exigindo de seus personagens uma
nova concepção de comportamento. O processo ensino aprendizado é uma dicotomia
onde ambos fazem parte desse processo o aprendiz aprendendo com o professor e o
professor aprendendo com o aprendiz. Santos, afirma que “ensinar não è
transmitir dogmaticamente conhecimentos, mas dirigir e incentivar com
habilidade e método, a atividade espontânea e criadora do educando. Nessas
condições, o ensino compreende todas as operações e processos que favorecem o
curso vivo e dinâmico de aprendizagem” (SANTOS 1961 p48).
Considerações Finais
Neste
contexto, torna-se necessário a implementação da concepção do desenvolvimento sustentável no sistema de Educação Profissional Integrada a Educação
Básica na Modalidade de Jovens e Adultos, tendo em vista o significado
para a vida dos trabalhadores, diante das demais alternativas e inserção na
sociedade, considerando-se motivados a uma vida digna na esfera econômica.
A discussão
sobre desenvolvimento é muito ampla, o que nos traz a possibilidade de dialogar
com mais profundidade sobre o assunto. Portanto, nosso intuito é oferecer uma
contribuição, na forma de uma apresentação geral e introdutória, tendo por base
esses autores principais, nas possíveis formas de abordagens sobre o
desenvolvimento, ora respeitando um aspecto, ora levando em consideração
aspectos mais amplos.
Percebemos que o
desenvolvimento nunca saiu de cena e nunca perdeu importância, para sobreviver
o desenvolvimento ora manteve sua ligação com o crescimento econômico, ora foi
adjetivado, ou ainda, foi “cobrado” por novas abordagens, que privilegiassem
aspectos sociais, políticos e éticos.
Empiricamente
vemos o desenvolvimento cada vez mais vivo, em todas as suas formas,
principalmente, nos discursos políticos de
grandes empresas, que insistem em reproduzir que o desenvolvimento é a grande
solução, e, que obtém sucesso pela grande capacidade de persuasão dessa
concepção.
O ensino através
do sistema de Educação
Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos
é um reflexo da permanência e da transformação da concepção de desenvolvimento
sustentável. Porém, acreditar no desenvolvimento sustentável é acreditar no
desenvolvimento da vida humana como um todo.
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