Contribuições
para a Prática Pedagógica no PROEJA.
Yolmar Freire
RESUMO
O
objetivo desse artigo é contribuir para a prática pedagógica especificamente no
PROEJA. Diante da imensa diversidade Geo-histórica, social e cultural que
caracteriza cada lugar, percebe-se que toda essa diversidade reflete-se
diretamente no comportamento, hábitos e costumes de cada povo, especialmente
aos excluídos do sistema capitalista. Diante desse contexto nos perguntamos. As
especificidades de cada lugar são levadas em consideração para práticas em sala
de aula, bem como, a educação está cumprindo o seu papel de inserção do homem
ao meio? Portanto, o intuito é oferecer uma contribuição, na forma de
uma apresentação geral e introdutória, tendo por base os principais autores, nas
possíveis formas de abordagens.
Palavras – chave: Educação Profissional
Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos,
Ensino-aprendizagem, aspectos culturais.
ABSTRACT
The purpose of this article is to contribute to
the pedagogical practice specifically in PROEJA. Faced with the immense
diversity Geo-historical, social and cultural development that characterizes
each place, realizes that all this diversity is reflected directly in behavior,
habits and customs of each people, especially those excluded from the
capitalist system. Given this context ourselves. The specificities of each
place are taken into consideration to practices in the classroom, as well as,
education is fulfilling its role as a middle man insertion? Therefore, the aim
is to offer a contribution in the form of a general introductory presentation
and, on the basis of the principal authors, on possible ways of approaches.
Key Words: Professional education – Integrated basic education
in youth and adult Education of youths and adults, teaching and learning,
cultural aspects.
INTRODUÇÃO
O objetivo central desse artigo está relacionado á formação e ao
cotidiano dos professores que atuam na educação, quando a área de estudos é a
Educação de Jovens e Adultos, a esse problema se acrescenta mais um, que em na
maioria das vezes acaba sendo postulado como uma tradução sintética dos demais,
a falta de formação especifica dos profissionais que trabalham nessa modalidade
de ensino. O intuito e oferecer uma contribuição, na forma de apresentação
geral e introdutória sabendo que a Educação Profissional Integrada à Educação
Básica na Modalidade de Jovens e Adultos, tem como público, especialmente aos
excluídos do sistema capitalista, um contingente populacional na sua maior
parte necessita de uma qualificação profissional, pois muitos estão fora do
contexto escolar, não são escolarizado o suficiente e não têm a qualificação
profissional especifica para ocupar os postos de trabalho que são oferecidos,
buscam na Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de
Jovens e Adultos uma solução imediata para serem inseridos no mundo do
trabalho.
Acreditamos
que uma escolarização baseada na proposta da politecnia de Saviani, atenderia
com eficiência a uma população que necessita ser inserida em caráter
emergencial no mercado de trabalho bem como oportunizar uma continuidade
de sua cidadania plena no mundo do trabalho, pois uma educação
politécnica possibilitaria ao indivíduo um desenvolvimento pleno, e não uma formação “unilinear”, ou seja, uma
única formação". Fundamenta-se em três
grandes eixos: ensino de ciências e línguas, educação física e educação e
produção. A união dessas três categorias desenvolveria um elemento importante
para o sujeito. Essa educação deve ser vista através da: Unilateralidade, ou
seja, uma educação única e inquestionável. Ominilateralidade, ou seja, uma
educação plural, múltipla que desenvolveria diversas potencialidades nos
sujeitos. Leitura tradicional, centrada na memorização de elementos pré-estabelecidos
por uma estrutura centralizadora. Leitura anarquista, onde não existiria regras
para o processo educativo, pois os sujeitos são livres para estudar e produzir
o que bem entenderem.
Saviani afirma que a proposta de uma educação
baseada na politecnia “é uma experiência que pode trazer importantes subsídios
para se repensar a direção do sistema de ensino no país” (SAVIANI, 1989 p. 02)
ele ainda afirma que “na formação dos homens, deve-se considerar o grau
atingido pelo desenvolvimento da humanidade. Conforme se modifica o modo de
produção da existência humana, portanto, o modo como o homem trabalha, muda as
formas pelas quais os homens existem” (idem, 1989 p.4). Dermeval Saviani é Doutor
em Filosofia da Educação pela PUC São Paulo e Pós-Doutor pela Universita Degli
Studi de Bologna- Itália. Professor emérito da Faculdade de Educação da
Universidade de Campinas, pesquisador do CNPq, nasceu em Santo Antônio de Posse - SP, em 03 de fevereiro de 1944, concluiu
o Curso primário, em 1954, e em 1959, o Curso ginasial no Seminário Nossa
Senhora da Conceiçăo, em Cuiabá. Estudou no Seminário de Aparecida, em SP, onde
concluiu em 1962 o Curso Colegial, continuou os estudos de Filosofia na
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Săo Bento da PUC/SP, concluiu seu
curso de Filosofia, em 1966. Lecionou Filosofia em escola pública e por volta
de 1966 passou a trabalhar em um órgăo da Secretaria de Educaçăo de Săo Paulo.
Em 1967 atuou como professor do Curso de Pedagogia da PUC/SP e ajudou a
criar os Cursos de Mestrado e Doutorado em Filosofia da Educaçăo nessa
Instituiçăo. Em 1970 foi lecionar na recém criada Universidade Federal de Săo
Carlos onde ajudou a implantar em 1976 o Mestrado em Educaçăo, em convênio com
a Fundaçăo Carlos Chagas. Concluiu em 1971 o Doutorado, na área de Ciências
Humanas: Filosofia da Educaçăo, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de
Săo Bento, da PUC/SP. Em 1978 retornou como professor da PUC/SP e ajudou a
criar o Doutorado em Educaçăo nesta Instituiçăo. Em 1986 concluiu a Livre
Docência na área de Ciências Humanas: História da Educaçăo na Faculdade de
Educaçăo da UNICAMP. Em 1988 coordenou o programa de pós-graduaçăo da UNICAMP.
Atualmente é professor na UNICAMP.
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA NA
MODALIDADE DE JOVENS E ADULTOS/EJA.
O processo de ensino-aprendizagem é composto por muitas
variáveis. Tais como: metodologia e recursos institucionais, as diferenças
individuais do aprendiz: classe social, idade, religião, aptidão, estilo de
vida, o contexto da aprendizagem, o professor etc., são aspectos que devem ser
considerados justamente para a definição dos objetivos pedagógicos.
A Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de
Jovens e Adultos/PROEJA visa
oferecer oportunidades educacionais aos jovens e adultos que não concluíram o
ensino fundamental bem como aos que concluíram o fundamental e não cursou
nenhum curso profissionalizante à nível técnico ou médio, para com isso as oportunidades
de empregabilidade possam chegar a esses atores.
A respeito da educação básica de Jovens e Adultos no Brasil, pode-se
afirmar que predominam iniciativas individuais ou de organizações isoladas,
acarretando, contradições e descaso dos órgãos responsáveis. Por outro lado, a
cada dia, aumenta a necessidade social por políticas permanentes nessa esfera.
Tais políticas devem pautar o desenvolvimento de ações baseadas em princípios
epistemológicos que resultem em um corpo teórico bem estabelecido e que
respeite as dimensões sociais, econômicas, culturais e afetivas do jovem e do
adulto em situação de aprendizagem escolar.
O PROEJA foi criado pelo decreto nº. 5.478, de 24/06/2005, que expressou
a vontade governamental de atender a uma demanda de Jovens e Adultos que por
suas especificidades são excluídos do sistema educacional, seja no ensino
fundamental ou no ensino médio.
Esse
contingente populacional na sua maior parte necessita de uma qualificação
profissional, muitos estão fora do contexto escolar, e não é escolarizado o
suficiente para ocupar os postos de trabalho que são oferecidos, busca na
Educação de Jovens e Adultos uma solução imediata para serem inseridos no
mercado de trabalho. Acreditamos que uma escolarização baseada na proposta da
politecnia de Saviani, atenderia com eficiência essa população que necessita
ser inserida em caráter emergencial no mercado de trabalho bem como
oportunizar uma continuidade de sua cidadania plena no mundo do trabalho.
Saviani
afirma que a proposta de uma educação baseada na politecnia “é uma experiência
que pode trazer importantes subsídios para se repensar a direção do sistema de
ensino no país” (SAVIANI, 1989 p. 02) ele ainda afirma que “na formação dos
homens, deve-se considerar o grau atingido pelo desenvolvimento da humanidade.
Conforme se modifica o modo de produção da existência humana, portanto, o modo
como o homem trabalha, muda as formas pelas quais os homens existem” (Idem,
1989 p.4). A partir da 2ª Guerra
Mundial, a cargo do Estado. Até este período, a Educação Popular era concebida
como extensão da Educação formal para todos, sobretudo para os menos
privilegiados que habitavam as áreas das zonas urbanas e rurais. Em 13 de junho de 2005, por
meio da Portaria nº
2.080, o Ministério da Educação estabeleceu, na esfera dos Centros
Federais de Educação Tecnológica (Cefet), das Escolas Técnicas Federais, das
Escolas Agrotécnicas Federais (EAF) e das Escolas Técnicas Vinculadas às
Universidades Federais as diretrizes para a oferta de cursos de educação
profissional integrada com o ensino médio na modalidade de educação de jovens e
adultos.
Estando às diretrizes estabelecidas, o MEC optou pela criação de um programa que abrangesse cursos com essa configuração. Assim, no dia 24 de junho do mesmo ano, foi promulgado o Decreto nº 5.478, que instituía, no âmbito das instituições federais de educação tecnológica, o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Este Decreto foi revogado, em 13 de julho de 2006, pelo Decreto nº 5.840 que, entre outras mudanças, alterou o nome para Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos. Estão entre os fundamentos do programa as discussões sobre a integração entre formação geral e formação profissional, travadas desde os anos 80 e tendo como marco a promulgação do Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004.
Ainda contribuíram
para sua criação, os debates sobre as possibilidades das instituições federais
de educação tecnológica atuarem na educação de jovens e adultos. Essas
negociações já vinham se desenvolvendo desde o seminário nacional “Ensino
Médio: Construção Política”, maio de 2003, e os três encontros nacionais de
educação profissional acontecidos, em 2004, nas cidades de Natal, São Paulo e
Curitiba. No entanto, a implantação do programa trazia consigo diversos
desafios políticos e pedagógicos. Como construir um currículo integrado
considerando as especificidades desse público tão diverso; quais os
instrumentos para reconhecimento dos saberes adquiridos em espaços não-formais
de aprendizagem; como articular as diferentes políticas sociais e qual o papel
da escola pública são algumas das questões trazidas pelo PROEJA.
Diante desses desafios, a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC) optou, ainda em 2005, pela realização de sensibilização para a implementação do Programa nas instituições federais. Participaram dessas oficinas diretores de ensino, gerentes e coordenadores pedagógicos das escolas federais, além de alguns gestores estaduais de Educação Profissional.
Os
subsídios colhidos nas oficinas de sensibilização apontavam para a precisão de
aprofundamento nas diretrizes do Programa, com a explicitação de fundamentos,
conceitos e princípios relativos à proposta. Assim, no final de 2005 foi
instituído um grupo de trabalho formado por representantes da Rede Federal de
Educação Profissional Tecnológica, do Fórum Nacional de Educação de Jovens e
Adultos e de pesquisadores de universidades brasileiras para a elaboração do
primeiro documento-base PROEJA voltado especificamente para o nível médio –
educação profissional técnica de nível médio com ensino médio.
Após
a produção da minuta do documento, buscou-se promover um debate amplo entre
atores interessados nos campos de atuação do programa: educação profissional,
ensino médio e educação de jovens e adultos. Nessa discussão, destaca-se a
participação do Fórum Nacional dos Gestores Estaduais de Educação Profissional.
Dessa
forma, foi assinado o Decreto nº 5.840/2006, que, além do nome, conforme citado
anteriormente, traz as seguintes novas orientações: amplia para todos os
sistemas públicos de ensino e para as instituições do Sistema Nacional de
Aprendizagem Social (Sistema S) a possibilidade de atuar como proponente,
porém, mantendo a obrigatoriedade para a Rede Federal; amplia a abrangência
para toda a educação básica na modalidade EJA; inclui a possibilidade de oferta
de cursos na forma concomitante, além da forma integrada; prevê a conclusão dos
estudos e a respectiva certificação a qualquer tempo desde que demonstrado o
domínio dos conteúdos do nível de ensino e institui um Comitê Nacional para
acompanhamento e controle social da implementação nacional do PROEJA, em que a
composição, as atribuições e o regimento serão definidos conjuntamente pelos
Ministérios do Trabalho e Emprego e da Educação.
A partir dessas alterações, surgiram novas demandas no sentido da produção de referenciais teóricos. Nesse sentido, a Setec tem promovido a elaboração de Documentos-Base orientadores, tendo em vista as especificidades de algumas áreas profissionais e de determinadas populações.
No que diz respeito à educação básica de Jovens e Adultos no Brasil,
pode-se afirmar que predominam iniciativas individuais ou de organizações
isoladas, acarretando, contradições e descaso dos órgãos responsáveis. Por
outro lado, a cada dia, aumenta a demanda social por políticas perenes nessa
esfera. Tais políticas devem pautar o desenvolvimento de ações baseadas em
princípios epistemológicos que resultem em um corpo teórico bem estabelecido e
que respeite as dimensões sociais, econômicas, culturais e afetivas do jovem e
do adulto em situação de aprendizagem escolar.
APRENDENDO A APRENDER
O esforço
político e pedagógico no sentido do reconhecimento do estatuto próprio da
Educação de Jovens e Adultos já vem sendo realizado há tempos por agentes e
instituições diversas. Apesar da descontinuidade das políticas e da escassez de
núcleos de pesquisa na área, a verdade é que os serviços públicos que atendem à
demanda por esse serviço vêm conseguindo manter-se mesmo nas condições mais
adversas, animando iniciativas de sistematização de experiências ou diretrizes
por parte de educadores, além do interesse de pesquisadores ligados a
universidades ou organizações não-governamentais. Com suas potencialidades e
fragilidades, a Educação de Jovens e Adultos tem uma história feita de muitas
histórias.
No Brasil, na América Latina e nos demais continentes, cada uma com suas
peculiaridades, nas quais o esforço por construir uma identidade própria é uma
constante, uma das questões que nos chama a atenção se refere aos conteúdos a
serem trabalhados, pois ao longo dos anos as disciplinas lecionadas nas escolas, foram se
tornando disciplinas de memorização, não respeitando o conhecimento adquirido
pelo aluno, o lugar onde vive o seu cotidiano ou mesmo, sua base cultural,
sabemos que na Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade
de Jovens e Adultos, o educando tem uma história de vida que deve ser
respeitada e levada em consideração para que a prática pedagógica possa fazer
com que este indivíduo desenvolva uma criticidade a partir de seus próprios
conhecimentos.
Na
história da educação a memorização se tornou uma prática entre os professores,
a pedagogia da memorização contribuiu para a abstração crescente, e ao mesmo
tempo para alienar as gerações de alunos que classificaram os conteúdos como
matérias de memorização. Umbelino “afirma que os professores e alunos são treinados
a não pensar sobre e o que é ensinado e sim, a repetir pura e simplesmente o
que é ensinado” (UMBELINO, 2003 p28).
Atualmente,
os alunos em aula não desenvolvem o básico a que se destina à escrita,
provavelmente, por que tiveram uma formação deficitária, formação essa que ao
longo dos anos não se preocupou como deveria com o processo de aprendizado
baseado na leitura e interpretação em associar a teoria e a prática e sim em
uma construção do conhecimento, através de teorias preparadas dentro de gabinetes
que muitas vezes são elaboradas por quem nunca esteve dentro de uma sala de
aula, principalmente na Educação de Jovens e Adultos. Sem dúvida, a
funcionalidade das aprendizagens constitui um fator de motivação aos que por
muito tempo ficou longe da escola, mas a consideração de necessidades práticas
geradas em contextos de vivência não deve comprometer outros aspectos que dão
sentido à educação escolar e que lhe são específicos.
A orientação do ensino para exigências do mundo do trabalho ou qualquer
outro contexto específico de vivência não deve implicar a renúncia ao
distanciamento crítico em relação à realidade imediata. Entretanto, também é de
extrema relevância a análise de como saberes e competências relacionados aos
contextos existenciais dos jovens e adultos trabalhadores poderiam ser
abordados pedagogicamente de modo a fazer avançar sua capacidade crítica,
criatividade e autonomia, e não meramente como capacitação para tarefas
específicas, sem maior relevância.
Um conjunto de estudos que certamente pode subsidiar a ação dos
educadores de jovens e adultos nessa direção é o que aborda as especificidades
do conhecimento prático ou espontâneo, tendo como contraponto os conhecimentos
teóricos, científicos ou escolares. Acreditamos que a prática pedagógica pautada nos
saberes culturais e sociais dos alunos associada à teoria sociointeracionista e
fundamental para que o ensino da leitura e da interpretação tenham um
significado.
Existem alguns princípios importantes a serem considerados por todos os
que se preocupam com a aprendizagem do aluno, principalmente na Educação
Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos.
Desenvolver o aprendizado em um contexto que tenha um significado, aproveitando
o lugar onde vive e se relaciona bem como seu ambiente de trabalho, sem dúvida
é uma alternativa que se deve levar em consideração. No entanto, o que
vivenciamos é uma escola onde o professor como agente principal é responsável
pelo ensino, sendo as atividades centralizadas em suas qualidades e
habilidades, estando mais preocupados com os conteúdos a ser trabalhados e não
se preocupando com o aprendizado, contribuindo assim para uma baixa alto-estima
do aluno especialmente neste grupo de pessoas.
Paulo Freire, em sua obra Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa
enfatiza que ensinar exige respeito aos saberes dos educandos, devendo-se
discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes e relacioná-los
com o ensino de conteúdos.
Por que não aproveitar a
experiência que têm os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo
poder público, por exemplo, a poluição dos riachos e córregos e os baixos
níveis de bem-estar das populações, dos lixões e os riscos que oferecem à saúde
das gentes. Por que não lixões no coração dos bairros puramente remediados dos
centros urbanos? Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que
se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina (...). Por que não
estabelecer uma necessária “intimidade” entre os saberes curriculares
fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos?
Por que não discutir as implicações políticas e ideológicas de um tal descaso
dos dominantes pelas áreas pobres da cidade? A ética de classes embutida neste
descaso? (FREIRE, 2002, P. 33-34).
Diante desse contexto, percebemos que o perfil do professor não mudou.
Na verdade, são poucos os que fogem do conceito de educação bancária, ou seja,
o saber não passa de uma doação dos que se julgam detentores do conhecimento,
aos que julgam não saber nada, cabendo então aos donos do conhecimento,
transmitir, passar, dar o grande saber.
Em lugar de comunicar-se, o educador faz
”comunicados” e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem
pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção “bancária” da educação,
em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem
depósitos, guardá-los a arquivá-los. Margem para serem colecionadores ou
fichadores das coisas que arquivam. No fundo, porém, os grandes arquivados são
os homens, nesta (na melhor das hipóteses) equivocada concepção “bancária” da
Educação (FREIRE 2001 p.58).
Nesta ótica, a educação se torna um simples ato de depositar, e neste
processo o professor o depositante e o aluno depositário. Infelizmente, a
pedagogia utilizada na maior parte das escolas e principalmente na modalidade
de Jovens e Adultos, prima o ensinar para decorar e depois reproduzir o que foi
decorado sem questionar. Não devemos mais desenvolver uma escola do
subdesenvolvimento, e sim é preciso ensinar para a libertação, De acordo com
Freire “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens educam-se
entre si, mediatizados pelo mundo” (FREIRE 2001 p.68).
Ou seja, a educação problematizada é uma prática de liberdade, exigindo
de seus personagens uma nova concepção de comportamento. O processo ensino
aprendizado é uma dicotomia onde ambos fazem parte desse processo o aprendiz
aprendendo com o professor e o professor aprendendo com o aprendiz. Santos,
afirma que “ensinar não è transmitir dogmaticamente conhecimentos, mas dirigir
e incentivar com habilidade e método, a atividade espontânea e criadora do
educando. Nessas condições, o ensino compreende todas as operações e processos
que favorecem o curso vivo e dinâmico de aprendizagem” (SANTOS 1961 p48).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O homem percebido como coletividade ou como indivíduo, é
movido por interesses, e esses ditam quais conteúdos terão prioridade e quais
padrões serão tidos como de valia para a educação. A educação, como ato humano,
tem vínculos diretos com os modos de compreender, de agir e de explicar a
realidade. Ela não é um ato súbito, gesta-se e desenvolvem-se em meio a
conjunturas, implicadas de circunstâncias sociais, políticas, metodológicas,
econômicas e culturais, de tal forma que mudanças ocorridas na organização
política e jurídica e nos modos de produzir e de comercializar exercem
influências significativas na educação e até nas ciências.
Dessa forma, é o momento em que as sociedades
pós-modernas desenham a quebra das barreiras entre as ciências, provocando
trocas, interações – num cenário epistemológico complexo – trazendo à tona a
necessidade de novos conhecimentos. Nessa realidade, os conhecimentos
originados na Biologia, na Matemática, nas Ciências Sociais e Humanas se
entrecruzam e se fazem presentes em atividades do cotidiano, imbricados de tal
forma que a ambigüidade, a diversidade e a discórdia não constituem obstáculos,
mas sim terreno fértil para a construção de sentidos e para aberturas
conceituais. Grande parte de estudos feitos sobre a educação não tem encontrado
elos entre seus achados e a prática dos educadores, sendo este um dos aspectos
que favorece a dicotomia prática/teoria.
Se fôssemos levar em consideração as recomendações
tecidas por Paulo Freire ao longo de sua obra, poderíamos, seguramente, dizer
que a prática da pesquisa em educação no País, para ser relevante, deveria
estar vinculada às preocupações e necessidades reais dos educadores. Tal qual a
docência, a prática da pesquisa necessitaria ser dialógica. Ela deve estar
sempre confrontando seus achados com o cotidiano de quem vive o dia-a-dia do
fazer educação. Desse ponto de vista, não há como serem indispensáveis estudos
que saciam apenas a curiosidade do pesquisador, sem que extrapolem a redoma de
sua sala de aula.
A relevância do papel do professor, situando-o como
sujeito – real concreto – de um fazer docente, no que esta guarda de
complexidade, importância social e especificidade, inclui dar-lhe a voz que
precisa ter na produção de conhecimento sobre sua prática e mantê-lo no
processo constante de formação continuada, para que possam dar conta, no seu
cotidiano profissional, das mudanças substantivas e plurais que ocorrem em
escala planetária, numa velocidade cada vez maior, neste início de século.
Devemos conceber o ensino em uma perspectiva multidisciplinar, considerando que
nos tempos e espaços atuais é fundamental que se pense a Educação de maneira
integrada e não-fragmentada o que, infelizmente, ainda acaba por acontecer nas
formações gerais de muitos professores, nas universidades brasileiras.
Nas ações de educação inicial e continuada de
professores, a partir do seu contexto de trabalho, naturalmente surge à
necessidade de discussão de estratégias de ensino e de recursos didáticos.
Nesse sentido, uma questão preocupante é o significado do ensinar e do aprender
e as implicações para as estratégias de ensino adotadas pelos professores. A
dissociação entre o ensinar e o aprender está presente tanto no discurso
cotidiano como em teorias psicológicas sobre a aprendizagem e sobre o
desenvolvimento psicológico.
Concluímos então
que esse processo precisa ser discutido no âmbito educacional. Somente uma
escola centrada democraticamente nos educandos e em seu contexto local, vivendo
as suas circunstâncias, integradas ao seu meio, levará os estudantes a uma nova
postura diante de seu espaço. Uma escola que se faça verdadeiramente parte de
seu entorno e dê sua comunidade para se fazer um lugar onde o aprender a aprender
será discutido no âmbito da própria comunidade.
A discussão sobre a Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de
Jovens e Adultos de Jovens e Adultos é muito ampla, o que nos traz a
possibilidade de dialogar com mais profundidade sobre o assunto. Portanto, o
intuito é oferecer uma contribuição, na forma de uma apresentação geral e
introdutória, tendo por base esses autores principais, nas possíveis formas de
abordagens sobre Educação Profissional
Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos de Jovens e
Adultos, ora respeitando um aspecto, ora levando em consideração
aspectos mais amplos.
Esta investigação tem como ponto principal contribuir para que práticas
pedagógicas sejam desenvolvidas na Educação Profissional Integrada à Educação
Básica na Modalidade de Jovens e Adultos de Jovens e Adultos, respeitando todas
as diversidades do lugar e as especificidades do educando, levando em
consideração as práticas desenvolvidas nesta modalidade
.
Esta reflexão contribuirá para que professores juntamente com a
comunidade escolar possam estar utilizando metodologias onde o educando também
faz parte do processo ensino aprendizagem, e que as especificidades de cada
lugar e de seus atores devem estar sempre em pauta das discussões, e que a
teoria e a prática são os caminhos para um aprendizado onde o nosso aluno terá
maior condição de ter um olhar holístico-crítico de seu próprio meio.
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