sábado, 18 de maio de 2013

Contribuições para a Prática Pedagógica no PROEJA.


Contribuições para a Prática Pedagógica no PROEJA.   

Yolmar Freire


RESUMO
O objetivo desse artigo é contribuir para a prática pedagógica especificamente no PROEJA. Diante da imensa diversidade Geo-histórica, social e cultural que caracteriza cada lugar, percebe-se que toda essa diversidade reflete-se diretamente no comportamento, hábitos e costumes de cada povo, especialmente aos excluídos do sistema capitalista. Diante desse contexto nos perguntamos. As especificidades de cada lugar são levadas em consideração para práticas em sala de aula, bem como, a educação está cumprindo o seu papel de inserção do homem ao meio? Portanto, o intuito é oferecer uma contribuição, na forma de uma apresentação geral e introdutória, tendo por base os principais autores, nas possíveis formas de abordagens.  
 Palavras – chave: Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos, Ensino-aprendizagem, aspectos culturais.
ABSTRACT
The purpose of this article is to contribute to the pedagogical practice specifically in PROEJA. Faced with the immense diversity Geo-historical, social and cultural development that characterizes each place, realizes that all this diversity is reflected directly in behavior, habits and customs of each people, especially those excluded from the capitalist system. Given this context ourselves. The specificities of each place are taken into consideration to practices in the classroom, as well as, education is fulfilling its role as a middle man insertion? Therefore, the aim is to offer a contribution in the form of a general introductory presentation and, on the basis of the principal authors, on possible ways of approaches.
Key Words: Professional education – Integrated basic education in youth and adult Education of youths and adults, teaching and learning, cultural aspects.

INTRODUÇÃO 

O objetivo central desse artigo está relacionado á formação e ao cotidiano dos professores que atuam na educação, quando a área de estudos é a Educação de Jovens e Adultos, a esse problema se acrescenta mais um, que em na maioria das vezes acaba sendo postulado como uma tradução sintética dos demais, a falta de formação especifica dos profissionais que trabalham nessa modalidade de ensino. O intuito e oferecer uma contribuição, na forma de apresentação geral e introdutória sabendo que a Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos, tem como público, especialmente aos excluídos do sistema capitalista, um contingente populacional na sua maior parte necessita de uma qualificação profissional, pois muitos estão fora do contexto escolar, não são escolarizado o suficiente e não têm a qualificação profissional especifica para ocupar os postos de trabalho que são oferecidos, buscam na Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos uma solução imediata para serem inseridos no mundo do trabalho.

Acreditamos que uma escolarização baseada na proposta da politecnia de Saviani, atenderia com eficiência a uma população que necessita ser inserida em caráter emergencial no mercado de trabalho bem como oportunizar  uma continuidade de sua cidadania plena no mundo do trabalho, pois uma educação politécnica possibilitaria ao indivíduo um desenvolvimento pleno, e não uma formação “unilinear”, ou seja, uma única formação". Fundamenta-se em três grandes eixos: ensino de ciências e línguas, educação física e educação e produção. A união dessas três categorias desenvolveria um elemento importante para o sujeito. Essa educação deve ser vista através da: Unilateralidade, ou seja, uma educação única e inquestionável. Ominilateralidade, ou seja, uma educação plural, múltipla que desenvolveria diversas potencialidades nos sujeitos. Leitura tradicional, centrada na memorização de elementos pré-estabelecidos por uma estrutura centralizadora. Leitura anarquista, onde não existiria regras para o processo educativo, pois os sujeitos são livres para estudar e produzir o que bem entenderem.

Saviani afirma que a proposta de uma educação baseada na politecnia “é uma experiência que pode trazer importantes subsídios para se repensar a direção do sistema de ensino no país” (SAVIANI, 1989 p. 02) ele ainda afirma que “na formação dos homens, deve-se considerar o grau atingido pelo desenvolvimento da humanidade. Conforme se modifica o modo de produção da existência humana, portanto, o modo como o homem trabalha, muda as formas pelas quais os homens existem” (idem, 1989 p.4).  Dermeval Saviani é Doutor em Filosofia da Educação pela PUC São Paulo e Pós-Doutor pela Universita Degli Studi de Bologna- Itália. Professor emérito da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas, pesquisador do CNPq, nasceu em Santo Antônio de Posse - SP, em 03 de fevereiro de 1944, concluiu o Curso primário, em 1954, e em 1959, o Curso ginasial no Seminário Nossa Senhora da Conceiçăo, em Cuiabá. Estudou no Seminário de Aparecida, em SP, onde concluiu em 1962 o Curso Colegial, continuou os estudos de Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Săo Bento da PUC/SP, concluiu seu curso de Filosofia, em 1966. Lecionou Filosofia em escola pública e por volta de 1966 passou a trabalhar em um órgăo da Secretaria de Educaçăo de Săo Paulo.

Em 1967 atuou como professor do Curso de Pedagogia da PUC/SP e ajudou a criar os Cursos de Mestrado e Doutorado em Filosofia da Educaçăo nessa Instituiçăo. Em 1970 foi lecionar na recém criada Universidade Federal de Săo Carlos onde ajudou a implantar em 1976 o Mestrado em Educaçăo, em convênio com a Fundaçăo Carlos Chagas. Concluiu em 1971 o Doutorado, na área de Ciências Humanas: Filosofia da Educaçăo, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Săo Bento, da PUC/SP. Em 1978 retornou como professor da PUC/SP e ajudou a criar o Doutorado em Educaçăo nesta Instituiçăo. Em 1986 concluiu a Livre Docência na área de Ciências Humanas: História da Educaçăo na Faculdade de Educaçăo da UNICAMP. Em 1988 coordenou o programa de pós-­graduaçăo da UNICAMP. Atualmente é professor na UNICAMP.

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE JOVENS E ADULTOS/EJA.
                                                 
O processo de ensino-aprendizagem é composto por muitas variáveis. Tais como: metodologia e recursos institucionais, as diferenças individuais do aprendiz: classe social, idade, religião, aptidão, estilo de vida, o contexto da aprendizagem, o professor etc., são aspectos que devem ser considerados justamente para a definição dos objetivos pedagógicos.

A Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e       Adultos/PROEJA visa oferecer oportunidades educacionais aos jovens e adultos que não concluíram o ensino fundamental bem como aos que concluíram o fundamental e não cursou nenhum curso profissionalizante à nível técnico ou médio, para com isso as oportunidades de empregabilidade possam chegar a esses atores.

A respeito da educação básica de Jovens e Adultos no Brasil, pode-se afirmar que predominam iniciativas individuais ou de organizações isoladas, acarretando, contradições e descaso dos órgãos responsáveis. Por outro lado, a cada dia, aumenta a necessidade social por políticas permanentes nessa esfera. Tais políticas devem pautar o desenvolvimento de ações baseadas em princípios epistemológicos que resultem em um corpo teórico bem estabelecido e que respeite as dimensões sociais, econômicas, culturais e afetivas do jovem e do adulto em situação de aprendizagem escolar.    

O PROEJA foi criado pelo decreto nº. 5.478, de 24/06/2005, que expressou a vontade governamental de atender a uma demanda de Jovens e Adultos que por suas especificidades são excluídos do sistema educacional, seja no ensino fundamental ou no ensino médio.
Esse contingente populacional na sua maior parte necessita de uma qualificação profissional, muitos estão fora do contexto escolar, e não é escolarizado o suficiente para ocupar os postos de trabalho que são oferecidos, busca na Educação de Jovens e Adultos uma solução imediata para serem inseridos no mercado de trabalho. Acreditamos que uma escolarização baseada na proposta da politecnia de Saviani, atenderia com eficiência essa população que necessita ser inserida em caráter emergencial no mercado de trabalho bem como oportunizar  uma continuidade de sua cidadania plena no mundo do trabalho.

Saviani afirma que a proposta de uma educação baseada na politecnia “é uma experiência que pode trazer importantes subsídios para se repensar a direção do sistema de ensino no país” (SAVIANI, 1989 p. 02) ele ainda afirma que “na formação dos homens, deve-se considerar o grau atingido pelo desenvolvimento da humanidade. Conforme se modifica o modo de produção da existência humana, portanto, o modo como o homem trabalha, muda as formas pelas quais os homens existem” (Idem, 1989 p.4).  A partir da 2ª Guerra Mundial, a cargo do Estado. Até este período, a Educação Popular era concebida como extensão da Educação formal para todos, sobretudo para os menos privilegiados que habitavam as áreas das zonas urbanas e rurais. Em 13 de junho de 2005, por meio da Portaria nº 2.080, o Ministério da Educação estabeleceu, na esfera dos Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet), das Escolas Técnicas Federais, das Escolas Agrotécnicas Federais (EAF) e das Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais as diretrizes para a oferta de cursos de educação profissional integrada com o ensino médio na modalidade de educação de jovens e adultos.

              Estando às diretrizes estabelecidas, o MEC optou pela criação de um programa que abrangesse cursos com essa configuração. Assim, no dia 24 de junho do mesmo ano, foi promulgado o Decreto nº 5.478, que instituía, no âmbito das instituições federais de educação tecnológica, o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Este Decreto foi revogado, em 13 de julho de 2006, pelo Decreto nº 5.840 que, entre outras mudanças, alterou o nome para Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos. Estão entre os fundamentos do programa as discussões sobre a integração entre formação geral e formação profissional, travadas desde os anos 80 e tendo como marco a promulgação do Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004.

Ainda contribuíram para sua criação, os debates sobre as possibilidades das instituições federais de educação tecnológica atuarem na educação de jovens e adultos. Essas negociações já vinham se desenvolvendo desde o seminário nacional “Ensino Médio: Construção Política”, maio de 2003, e os três encontros nacionais de educação profissional acontecidos, em 2004, nas cidades de Natal, São Paulo e Curitiba. No entanto, a implantação do programa trazia consigo diversos desafios políticos e pedagógicos. Como construir um currículo integrado considerando as especificidades desse público tão diverso; quais os instrumentos para reconhecimento dos saberes adquiridos em espaços não-formais de aprendizagem; como articular as diferentes políticas sociais e qual o papel da escola pública são algumas das questões trazidas pelo PROEJA.

                Diante desses desafios, a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC) optou, ainda em 2005, pela realização de sensibilização para a implementação do Programa nas instituições federais. Participaram dessas oficinas diretores de ensino, gerentes e coordenadores pedagógicos das escolas federais, além de alguns gestores estaduais de Educação Profissional.

Os subsídios colhidos nas oficinas de sensibilização apontavam para a precisão de aprofundamento nas diretrizes do Programa, com a explicitação de fundamentos, conceitos e princípios relativos à proposta. Assim, no final de 2005 foi instituído um grupo de trabalho formado por representantes da Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica, do Fórum Nacional de Educação de Jovens e Adultos e de pesquisadores de universidades brasileiras para a elaboração do primeiro documento-base PROEJA voltado especificamente para o nível médio – educação profissional técnica de nível médio com ensino médio.

Após a produção da minuta do documento, buscou-se promover um debate amplo entre atores interessados nos campos de atuação do programa: educação profissional, ensino médio e educação de jovens e adultos. Nessa discussão, destaca-se a participação do Fórum Nacional dos Gestores Estaduais de Educação Profissional.

Dessa forma, foi assinado o Decreto nº 5.840/2006, que, além do nome, conforme citado anteriormente, traz as seguintes novas orientações: amplia para todos os sistemas públicos de ensino e para as instituições do Sistema Nacional de Aprendizagem Social (Sistema S) a possibilidade de atuar como proponente, porém, mantendo a obrigatoriedade para a Rede Federal; amplia a abrangência para toda a educação básica na modalidade EJA; inclui a possibilidade de oferta de cursos na forma concomitante, além da forma integrada; prevê a conclusão dos estudos e a respectiva certificação a qualquer tempo desde que demonstrado o domínio dos conteúdos do nível de ensino e institui um Comitê Nacional para acompanhamento e controle social da implementação nacional do PROEJA, em que a composição, as atribuições e o regimento serão definidos conjuntamente pelos Ministérios do Trabalho e Emprego e da Educação.

               A partir dessas alterações, surgiram novas demandas no sentido da produção de referenciais teóricos. Nesse sentido, a Setec tem promovido a elaboração de Documentos-Base orientadores, tendo em vista as especificidades de algumas áreas profissionais e de determinadas populações.

No que diz respeito à educação básica de Jovens e Adultos no Brasil, pode-se afirmar que predominam iniciativas individuais ou de organizações isoladas, acarretando, contradições e descaso dos órgãos responsáveis. Por outro lado, a cada dia, aumenta a demanda social por políticas perenes nessa esfera. Tais políticas devem pautar o desenvolvimento de ações baseadas em princípios epistemológicos que resultem em um corpo teórico bem estabelecido e que respeite as dimensões sociais, econômicas, culturais e afetivas do jovem e do adulto em situação de aprendizagem escolar.

APRENDENDO A APRENDER

O esforço político e pedagógico no sentido do reconhecimento do estatuto próprio da Educação de Jovens e Adultos já vem sendo realizado há tempos por agentes e instituições diversas. Apesar da descontinuidade das políticas e da escassez de núcleos de pesquisa na área, a verdade é que os serviços públicos que atendem à demanda por esse serviço vêm conseguindo manter-se mesmo nas condições mais adversas, animando iniciativas de sistematização de experiências ou diretrizes por parte de educadores, além do interesse de pesquisadores ligados a universidades ou organizações não-governamentais. Com suas potencialidades e fragilidades, a Educação de Jovens e Adultos tem uma história feita de muitas histórias.

No Brasil, na América Latina e nos demais continentes, cada uma com suas peculiaridades, nas quais o esforço por construir uma identidade própria é uma constante, uma das questões que nos chama a atenção se refere aos conteúdos a serem trabalhados, pois ao longo dos anos as disciplinas lecionadas nas escolas, foram se tornando disciplinas de memorização, não respeitando o conhecimento adquirido pelo aluno, o lugar onde vive o seu cotidiano ou mesmo, sua base cultural, sabemos que na Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos, o educando tem uma história de vida que deve ser respeitada e levada em consideração para que a prática pedagógica possa fazer com que este indivíduo desenvolva uma criticidade a partir de seus próprios conhecimentos.

Na história da educação a memorização se tornou uma prática entre os professores, a pedagogia da memorização contribuiu para a abstração crescente, e ao mesmo tempo para alienar as gerações de alunos que classificaram os conteúdos como matérias de memorização. Umbelino “afirma que os professores e alunos são treinados a não pensar sobre e o que é ensinado e sim, a repetir pura e simplesmente o que é ensinado” (UMBELINO, 2003 p28).

Atualmente, os alunos em aula não desenvolvem o básico a que se destina à escrita, provavelmente, por que tiveram uma formação deficitária, formação essa que ao longo dos anos não se preocupou como deveria com o processo de aprendizado baseado na leitura e interpretação em associar a teoria e a prática e sim em uma construção do conhecimento, através de teorias preparadas dentro de gabinetes que muitas vezes são elaboradas por quem nunca esteve dentro de uma sala de aula, principalmente na Educação de Jovens e Adultos. Sem dúvida, a funcionalidade das aprendizagens constitui um fator de motivação aos que por muito tempo ficou longe da escola, mas a consideração de necessidades práticas geradas em contextos de vivência não deve comprometer outros aspectos que dão sentido à educação escolar e que lhe são específicos.

A orientação do ensino para exigências do mundo do trabalho ou qualquer outro contexto específico de vivência não deve implicar a renúncia ao distanciamento crítico em relação à realidade imediata. Entretanto, também é de extrema relevância a análise de como saberes e competências relacionados aos contextos existenciais dos jovens e adultos trabalhadores poderiam ser abordados pedagogicamente de modo a fazer avançar sua capacidade crítica, criatividade e autonomia, e não meramente como capacitação para tarefas específicas, sem maior relevância.

Um conjunto de estudos que certamente pode subsidiar a ação dos educadores de jovens e adultos nessa direção é o que aborda as especificidades do conhecimento prático ou espontâneo, tendo como contraponto os conhecimentos teóricos, científicos ou escolares. Acreditamos que a prática pedagógica pautada nos saberes culturais e sociais dos alunos associada à teoria sociointeracionista e fundamental para que o ensino da leitura e da interpretação tenham um significado.

Existem alguns princípios importantes a serem considerados por todos os que se preocupam com a aprendizagem do aluno, principalmente na Educação Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos. Desenvolver o aprendizado em um contexto que tenha um significado, aproveitando o lugar onde vive e se relaciona bem como seu ambiente de trabalho, sem dúvida é uma alternativa que se deve levar em consideração. No entanto, o que vivenciamos é uma escola onde o professor como agente principal é responsável pelo ensino, sendo as atividades centralizadas em suas qualidades e habilidades, estando mais preocupados com os conteúdos a ser trabalhados e não se preocupando com o aprendizado, contribuindo assim para uma baixa alto-estima do aluno especialmente neste grupo de pessoas.

Paulo Freire, em sua obra Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa enfatiza que ensinar exige respeito aos saberes dos educandos, devendo-se discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes e relacioná-los com o ensino de conteúdos.

Por que não aproveitar a experiência que têm os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público, por exemplo, a poluição dos riachos e córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, dos lixões e os riscos que oferecem à saúde das gentes. Por que não lixões no coração dos bairros puramente remediados dos centros urbanos? Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina (...). Por que não estabelecer uma necessária “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? Por que não discutir as implicações políticas e ideológicas de um tal descaso dos dominantes pelas áreas pobres da cidade? A ética de classes embutida neste descaso?  (FREIRE, 2002, P. 33-34).

Diante desse contexto, percebemos que o perfil do professor não mudou. Na verdade, são poucos os que fogem do conceito de educação bancária, ou seja, o saber não passa de uma doação dos que se julgam detentores do conhecimento, aos que julgam não saber nada, cabendo então aos donos do conhecimento, transmitir, passar, dar o grande saber.

Em lugar de comunicar-se, o educador faz ”comunicados” e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção “bancária” da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem depósitos, guardá-los a arquivá-los. Margem para serem colecionadores ou fichadores das coisas que arquivam. No fundo, porém, os grandes arquivados são os homens, nesta (na melhor das hipóteses) equivocada concepção “bancária” da Educação (FREIRE 2001 p.58).  

Nesta ótica, a educação se torna um simples ato de depositar, e neste processo o professor o depositante e o aluno depositário. Infelizmente, a pedagogia utilizada na maior parte das escolas e principalmente na modalidade de Jovens e Adultos, prima o ensinar para decorar e depois reproduzir o que foi decorado sem questionar. Não devemos mais desenvolver uma escola do subdesenvolvimento, e sim é preciso ensinar para a libertação, De acordo com Freire “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens educam-se entre si, mediatizados pelo mundo” (FREIRE 2001 p.68). 

Ou seja, a educação problematizada é uma prática de liberdade, exigindo de seus personagens uma nova concepção de comportamento. O processo ensino aprendizado é uma dicotomia onde ambos fazem parte desse processo o aprendiz aprendendo com o professor e o professor aprendendo com o aprendiz. Santos, afirma que “ensinar não è transmitir dogmaticamente conhecimentos, mas dirigir e incentivar com habilidade e método, a atividade espontânea e criadora do educando. Nessas condições, o ensino compreende todas as operações e processos que favorecem o curso vivo e dinâmico de aprendizagem” (SANTOS 1961 p48).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O homem percebido como coletividade ou como indivíduo, é movido por interesses, e esses ditam quais conteúdos terão prioridade e quais padrões serão tidos como de valia para a educação. A educação, como ato humano, tem vínculos diretos com os modos de compreender, de agir e de explicar a realidade. Ela não é um ato súbito, gesta-se e desenvolvem-se em meio a conjunturas, implicadas de circunstâncias sociais, políticas, metodológicas, econômicas e culturais, de tal forma que mudanças ocorridas na organização política e jurídica e nos modos de produzir e de comercializar exercem influências significativas na educação e até nas ciências.

Dessa forma, é o momento em que as sociedades pós-modernas desenham a quebra das barreiras entre as ciências, provocando trocas, interações – num cenário epistemológico complexo – trazendo à tona a necessidade de novos conhecimentos. Nessa realidade, os conhecimentos originados na Biologia, na Matemática, nas Ciências Sociais e Humanas se entrecruzam e se fazem presentes em atividades do cotidiano, imbricados de tal forma que a ambigüidade, a diversidade e a discórdia não constituem obstáculos, mas sim terreno fértil para a construção de sentidos e para aberturas conceituais. Grande parte de estudos feitos sobre a educação não tem encontrado elos entre seus achados e a prática dos educadores, sendo este um dos aspectos que favorece a dicotomia prática/teoria.

Se fôssemos levar em consideração as recomendações tecidas por Paulo Freire ao longo de sua obra, poderíamos, seguramente, dizer que a prática da pesquisa em educação no País, para ser relevante, deveria estar vinculada às preocupações e necessidades reais dos educadores. Tal qual a docência, a prática da pesquisa necessitaria ser dialógica. Ela deve estar sempre confrontando seus achados com o cotidiano de quem vive o dia-a-dia do fazer educação. Desse ponto de vista, não há como serem indispensáveis estudos que saciam apenas a curiosidade do pesquisador, sem que extrapolem a redoma de sua sala de aula.

A relevância do papel do professor, situando-o como sujeito – real concreto – de um fazer docente, no que esta guarda de complexidade, importância social e especificidade, inclui dar-lhe a voz que precisa ter na produção de conhecimento sobre sua prática e mantê-lo no processo constante de formação continuada, para que possam dar conta, no seu cotidiano profissional, das mudanças substantivas e plurais que ocorrem em escala planetária, numa velocidade cada vez maior, neste início de século. Devemos conceber o ensino em uma perspectiva multidisciplinar, considerando que nos tempos e espaços atuais é fundamental que se pense a Educação de maneira integrada e não-fragmentada o que, infelizmente, ainda acaba por acontecer nas formações gerais de muitos professores, nas universidades brasileiras.

Nas ações de educação inicial e continuada de professores, a partir do seu contexto de trabalho, naturalmente surge à necessidade de discussão de estratégias de ensino e de recursos didáticos. Nesse sentido, uma questão preocupante é o significado do ensinar e do aprender e as implicações para as estratégias de ensino adotadas pelos professores. A dissociação entre o ensinar e o aprender está presente tanto no discurso cotidiano como em teorias psicológicas sobre a aprendizagem e sobre o desenvolvimento psicológico.

Concluímos então que esse processo precisa ser discutido no âmbito educacional. Somente uma escola centrada democraticamente nos educandos e em seu contexto local, vivendo as suas circunstâncias, integradas ao seu meio, levará os estudantes a uma nova postura diante de seu espaço. Uma escola que se faça verdadeiramente parte de seu entorno e dê sua comunidade para se fazer um lugar onde o aprender a aprender será discutido no âmbito da própria comunidade.

A discussão sobre a Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos de Jovens e Adultos é muito ampla, o que nos traz a possibilidade de dialogar com mais profundidade sobre o assunto. Portanto, o intuito é oferecer uma contribuição, na forma de uma apresentação geral e introdutória, tendo por base esses autores principais, nas possíveis formas de abordagens sobre Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos de Jovens e Adultos, ora respeitando um aspecto, ora levando em consideração aspectos mais amplos.

Esta investigação tem como ponto principal contribuir para que práticas pedagógicas sejam desenvolvidas na Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos de Jovens e Adultos, respeitando todas as diversidades do lugar e as especificidades do educando, levando em consideração as práticas desenvolvidas nesta modalidade
.
Esta reflexão contribuirá para que professores juntamente com a comunidade escolar possam estar utilizando metodologias onde o educando também faz parte do processo ensino aprendizagem, e que as especificidades de cada lugar e de seus atores devem estar sempre em pauta das discussões, e que a teoria e a prática são os caminhos para um aprendizado onde o nosso aluno terá maior condição de ter um olhar holístico-crítico de seu próprio meio.

BIBLIOGRAFIA

SAVIANI, Derme Val. Sobre a concepção de politecnia. Rio de Janeiro: Fio Cruz, Politécnico da Saúde Joaquim Venâncio, 1989.
UMBELINO, Ariovaldo, et alPara Onde Vai o Ensino de Geografia? São Paulo: Contexto, 2003.
GADOTTI, Moacir: ROMÃO, José E. Educação de Jovens e Adultos: Teoria prática e proposta. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2001 – (Guia da escola cidadã; v.5)
SUZUKI, Juliana Telles Faria, et alTecnologias em educação: pedagogia. São Paulo. Pearson Education do Brasil, 2009.
FARIAS, Adriana Medeiros. Alfabetização e educação popular no contexto das politicas públicas. In: Simpósio Estadual de Alfabetização de Jovens, Adultos e Idosos, 1., 2006, Pinhão. Anais... Curitiba: SEED/PR, 2006. p. 14-21.
FREIRE, Paulo, Pedagogia do Oprimido: Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: aos homens se libertam em comunhão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001. 62-68p.
SANTOS, José Eustáquio. Pedagogia Dialógica. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire 2002.

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